Educação, Imaginário e a Parte do Diabo: Por uma Pedagogia da Sedução
A escola voltada à instrução e à obediência, destinada à formação de operários inteligentes, está correndo risco de extinção. As pessoas não aceitam a verdade de um saber pela mera posição hierárquica daquele que fala, como se estivessem diante de um iluminado. Precisam viver a experiência do conhecimento para aprender. E isso só se dá em relação com o outro. Estamos vivendo a passagem da verticalidade do saber à horizontalidade do conhecimento. E, com isso, o professor deve enfrentar uma dura mas inexorável realidade: as verdades produzidas pela classe – e também fora dela – são produtos de uma série de crenças, valores e fetiches; são desejos, vontades e interesses que até hoje a universidade procurou não problematizar no processo didático e de formação do conhecimento. Reconhecer a emotividade da classe, toda a pré-compreensão que a constitui, todo o horizonte inexplicitado de sentido é condição para o exercício docente. Pensar que o papel do professor é o de aperfeiçoar os alunos é esquecer que esse objetivo jamais poderá ser alcançado; deve-se, ao contrário, reconhecer a imperfeição humana, problematizar o lugar do mal, dar a parte do diabo. Antes de tudo aprender a conhecer o que há de mais humano, o que só é possível com curiosidade e desejo. Diante disso, este texto se coloca como proposta de fundamentação teórica à subversão metodológica da escola, descrevendo o fenômeno de transformação na sociabilidade humana e de saturação do ensino jurídico moderno, colocando em causa o que há de mais primitivo e arcaico na formação do conhecimento, pensando educação como um movimento iniciático, no âmbito de uma Pedagogia da Sedução.